Vilarejos abandonados no município de Dormentes em Pernambuco (Foto: Reprodução/ TV Grande Rio) |
O romance ‘Vidas Secas’ de Graciliano Ramos foi publicado em 1938. Na obra mais famosa do autor, ele retrata histórias vividas por retirantes que deixavam o Sertão para fugir da seca. Quase 80 anos depois, a história se repete no Sertão Pernambucano. De acordo com a Defesa Civil de Pernambuco, cerca de um milhão e meio de pessoas sofrem com a seca no estado.
Na Zona Rural de Dormentes, no Sertão pernambucano, é possível encontrar vilarejos com casas abandonadas. No município existem, pelo menos, quatro comunidades rurais abandonadas. Das 60 famílias que moravam no povoado de São Domingos, só restaram 20.
A família do agricultor José Ângelo Barbosa é uma das que ainda resiste na localidade. ” É porque a gente não teve oportunidade ainda, mas várias pessoas já foram, né?. Várias casas fechadas aqui nessa vila, e sempre acontece isso, porque a oportunidade é pouca para gente viver, né?. E com certeza isso aí a gente tem certeza que foi gente que foi trabalhar fora. Não tem de onde tirar o sustento pra manter a família, né?”.
Os moradores deixaram as propriedades, as terras e tudo que tinham para fugir da seca. Eles foram tentar uma vida melhor em outras cidades e até mesmo em outros estados, já que a situação não está boa em Pernambuco.
De acordo com a Defesa Civil de Pernambuco, dos 185 municípios do estado, 125 renovaram recentemente o decreto de emergência por causa da estiagem e 56 deles ficam no Sertão. No total, são cerca de um milhão e meio de pessoas sofrendo com a seca.
Muitos reservatórios de água já entraram em colapso. Quem plantou este ano, não colheu nada. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Dormentes, Auricélio Damasceno, disse que está dificil produzir na região. “O que os agricultores plantam perdem. É muita falta de água. Os moradores estão deixando as suas propriedades e indo pra outras regiões, em busca de melhorias de vida”.
A salvação de muitas famílias chega através de carros-pipa das operações mantidas pelos governos estadual e federal. A agricultora Gildete Gomes comemora quando enchem as cisternas do sítio. “Eu me sinto muito bem, porque água aqui é muito difícil e quando aparece aí eu sempre gosto de poupar, que eu laboro com minhas coisas poupando muita água, que aqui é muito difícil de água”.
A Coordenadoria de Defesa Civil do estado de Pernambuco (Codecipe) não divulgou o que a instituição pretende fazer para ajudar as famílias que sofrem com a falta de água no Sertão.
Juliane Peixinho Do G1 Petrolina
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